Ninguém mata sem motivo. Mesmo que este seja banal. Em O Homem do Ano , filme que marca a estreia de José Henrique Fonseca como diretor de longa- metragem, a trajetória de um vendedor de carros usados desempregado que vira assassino profissional e, finalmente, dono de uma empresa de segurança, é traçada a partir de um acontecimento vulgar, corriqueiro, que vai ganhando uma surpreendente dimensão. Este anti-herói chama-se Máiquel (Murilo Benício), rapaz da periferia carioca, que perde uma aposta, pinta o cabelo e vende a alma ao diabo. Moreno, se vê obrigado a ficar louro para cumprir com a palavra e acaba sentindo-se um novo homem. Orgulhoso, convida a responsável pela transformação, a cabeleireira Cledir (Cláudia Abreu), para acompanhá-lo a um boteco, onde encontrará os amigos. Lá, depara-se também com Suel (Wagner Moura), criminoso conhecido nas redondezas, que zomba de Máiquel, deixando-o visivelmente constrangido e incomodado. Impedido de acertar as contas na hora, ele marca um duelo para o dia seguinte. Suel leva um tiro em plena praça pública. A princípio, atormentado, Máiquel pensa em fugir. Mas a reação da pequena população do lugar reafirma a máxima de que em terra de cego quem tem olho é rei. A gratidão se traduz em cigarros, biscoitos, roupas e até num porco, batizado de Bill . Mesmo a polícia, supostamente responsável pela ordem e os bons costumes, agradece ao mais novo matador pelo seu ato. Daí em diante, a incrível história de Máiquel o leva a se envolver com o dentista Dr. Carvalho (Jorge Dória), casar-se com Cledir, apaixonar-se por Érica (Natália Lage), ex-namorada de Suel, e abrir uma bem-sucedida firma de segurança em sociedade com o delegado Santana (Carlo Mossy). Tudo isso no melhor estilo olho por olho, dente por dente...