A despeito da reputação de Dreyer como diretor de filmes religiosos, a estranha atmosfera e a etérea paisagem de O Vampiro (1931), podem não ser vistas com uma postura canônica e espiritual do diretor, mas como uma reflexão de sua tendência à experimentação. Influenciado pelo movimento surrealista francês, também por uma compulsão deliberada para escapar ao estigma de ser chamado de "diretor santificado", Dreyer buscou em Vampyr, uma antítese a " A Paixão de Joana d'Arc". Produziu um filme, distanciado, volumoso, imparcial e mono-emotivo. Apesar de Dreyer explodir em criatividade e em reconhecimento artístico mundial, O Vampiro foi um fracasso comercial que conduziu à falência de sua produtora em Paris. Este episódio o marcou muito. Desiludido e em crise, Dreyer teve um forte colapso nervoso. Dreyer não voltaria a filmar até 1942, quando produziu o curta, Boas Mães. Logo, começou a trabalhar na adaptação da peça de Hans Wiers-Jenssen, Anne Pedersdotter, que intitulou como, Dias de Ira, que explora assuntos: repressão, hipocrisia religiosa, e fanatismo. O Vampiro, se mantém, até hoje, uma obra-prima inquestionável...